Meu pai, minhas filhas e a pátria das chuteiras
- Caio Blinder
- 16/06/2018
- 126
- Instituto Blinder&Blainder

Eu estou no ritmo, contagiado rapidamente, é claro, pouco antes de Brasil x Suíça. Não poderia ser diferente. Sou filho de David. No ritmo de copa, mas, preguiçoso para um jogo diferente, copio a jogada. Aqui vai uma coluna clássica, publicada inicialmente em 14 de junho de 2014. Quatro anos atrás, na época de VEJA.com, chutei coluna atrás de outra naquela copa 7 x1. Boa leitura.
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Este negócio de pátria de chuteiras me incomoda. É só futebol, mas sou filho de David. Meu pai sabia calçar as chuteiras e amava futebol. David quase se tornou profissional (Portuguesa de Desportos), mas ainda era menor de idade e a mãe não o deixou assinar contrato. Imigrante, minha avó que veio de um buraco da Moldávia (Soroca), falava um português estropiado. Ela dizia que futebol era coisa de “bagabundo”.
O “bagabundo” do meu pai era realmente bom de bola na várzea do rio Tietê, em São Paulo. David casou cedo e o varão aqui pôde bater muita bola com ele. Pós-adolescente, eu ainda pude admirar sua categoria jogando em time de veteranos, não mais na várzea, mas na sede de campo do SPAC, o “clube inglês” (na foto abaixo). Cresci indo a estádio de futebol. Traí meu pai são-paulino, pois sou da geração Pelé. Porém, o David, meio-campista, bom armador, articulou direitinho com os quatro netos (entre eles, minhas duas filhas). Todos são tricolores.

Eu vivo fora do Brasil há muito tempo. Esta é uma longuíssima temporada, a terceira. A última vez que que assisti a uma copa no Brasil foi em 1978. Estava no meio de uma briga com uma namorada de longa data e não prestei muita atenção nos jogos. Não me lembro de 1974, mas 1970, claro, é inesquecível. Clima de Copa para mim é um pouco frio hoje em dia. No entanto, meu pai, que faleceu em 2003, sempre fez o que pôde para diminuir a distância em época de Copa e transmitiu um sentimento de brasilidade para as netas gringas. Gringas?
Uma das duas, a mais nova, a Ana, torcedora fanática, que veste a camisa desde nanica, advogou em causa própria. Causa justa. Estou patrocinando a ida dela a Fortaleza para assistir a um jogo do Brasil, assim ela espera (e eu que investi, também), em 4 de julho. Chantagista, a Ana disse que caso não fosse ela estaria desonrando a memória do avô. E uma das histórias memoráveis do meu pai era sua ida com uma turma da Barra Funda, o bairro em que nasceu e foi criado em São Paulo, ao Rio para assistir ao Maracanaço, em 1950, quando tinha 16 anos.
O sonho do meu pai era assistir novamente a uma final de Copa no Brasil. Que vença a pátria das chuteiras.

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Colher de chá transbordando para David Blinder, que infelizmente não poderá estar no Maracanã em 13 de julho.
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126 Comentários em "Meu pai, minhas filhas e a pátria das chuteiras"
Caio,
Tô esperançoso com o nosso país, o Brasil do Felipão é franco favorito ao título da Copa do Mundo e a Dilma tá afundando cada vez mais nas pesquisas eleitorais, se a eleição fosse hoje já teríamos 2º turno.
Belissima coluna.
Colher de chá de saudades para os ‘” bagabundos” que não poderão assistir a Copa.
Caio, comovente!
Ah sim, Caio, hoje estou de amarelo (como quase todos) mas de réplica da camisa de 70, a mais bonita, do mais bonito futebol (tá, tem 58 também) que já tivemos. Chegamos a ter outra copa aqui, será que um dia teremos outro esquadrão como o de 1970??
“E antes q alguém me diga o “viu quem esta em sua companhia?(coluna passada)” , só quero deixar claro q sou flamenguista, dispensa maiores explicações, né?”
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Não entendi teu comentário, Carmem, mas apreciei a informação sobre a torcida. Aumentou teu crédito (que já era grande), hahahahaha. Valeu!
“Sem dar atencao a voces, hehehe, abs, Caio”
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Certíssimo, vai curtir o jogo e a turma gringa! E que você veja muitos goals (com “a” mesmo) hoje!!
“podem apostar que o título virá sem maiores dificuldades – a não ser que a final seja contra a Argentina.”
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Sempre que chegamos cheios de confiança na Copa, o que acontece mesmo, Henrique..? ¬¬
Caio e família vão assistir a copa com a família Obama, só com comidinha suadável e comentários politicamente corretos.
Bela crônica familiar, caro Blinder
Parabens e colher de cha pela coluna Caio.
Por que o futebol eh tao importante? Ja me fiz essa pergunta mil vezes (e minha mulher continua fazendo) e a resposta eu nao sei. So sei que eh!
Boa Copa a todos!
abs
Tô acreditando no Brasil de Neymar do gloriosíssimo Santos Futebol Clube, o clube que mais contribuiu para os títulos do Brasil em copas do mundo. Filhas são paulinas, não importa, corinthianos, palmeirenses, flamenguistas, gremistas………..hoje somos um time só!
pra frente brasil! beijão papai
Que emoção, filha em campo, beijos, papai
“Caio e família vão assistir a copa com a família Obama, só com comidinha suadável e comentários politicamente corretos.”
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Deixa de ser ranzinza e xarope com o dono do boteco, cara, olha o espírito da coluna de hoje!
Pelo que entendi, o grande Caio torce para o nosso Santástico.
Que história familiar legal. Pensei na minha família também e de fato o futebol sempre esteve presente em idas a estádios, em jogos amadores etc. É cultural.
O ANTIPETRALHA
Grande Caio, maravilha de coluna, perfeita para o dia de hoje, golaço.
Ronaldo 8:59,
Apesar de hoje eu ser um ex-Flamenguista por motivos de força maior, você também ganhou alguns pontos comigo. hehehe
Fosse Fluminense……
Abs,
Rubem
“mas depois me converti ao Mengão por influência do meu avô, filho do “Fortaleza””
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Opa, gostei de saber Rubem, meus cumprimentos!
“Apesar de hoje eu ser um ex-Flamenguista por motivos de força maior, você também ganhou alguns pontos comigo. hehehe”
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Isso non ecziste, Rubem, uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Tou quase retirando meus cumprimentos de volta ¬¬
Prezado Caio
Gol de placa. Merecia uma estátua.
Abs.
Caro guru.
Bela foto quando o estádio era só uma metade, meio Morumbi!
Meu pai também era tricolor, da Barra Funda e eu degenerei como tu.
o clima da copa tá meio que de café requentado.
Bela homenagem Caio, parabéns por sua vida cheia de felizes vitórias ( e pelos maracanazzos também, para completar o humano).
Será que o primão Marcelo é o técnico do Cruzeiro? ex-jogador do galo mineiro.
Caio,
Que setor era esse do Morumbi? Parecem as numeradas inferiores…
Abs,
Rubem
Admiro voce ainda mais caio, pela sua familia que torce o são paulo, só faltou vc mesmo rs. Hoje da 3×0 para o Brasil!
João de Oliveira
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12/06/2014 às 9:46
Pelo que entendi, o grande Caio torce para o nosso Santástico.
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Alguma coisa temos em comum, hehehehe
Belas fotos, bom texto.
Brasil!
Bom artigo, propício, bonita família, parabéns, Mestre!
E… Vaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Brasillllllllllllllllllllll
Quando eu fiz 10 anos, meu pai “mandou” eu torcer para o “Parmêra” , em São Paulo, para o Cruzeiro em Minas, e para o Grêmio no RS. Tutti italiani. Sigo essas instruções até hoje.
Eu sou igual ao Rubem, torço para vários times, o Santos torço para que ganhe sempre, os outros que percam sempre, coisas da vida!
Caião, que bela história, adorei ler.
Prezado Caio, na medida certa, emoção sem excesso de açúcar.
Caio, parabéns pelo pai, pelas filhas, enfim pela bela familia e tb pela coluna de hoje…agora dá uma olhadinha nessa pesquisa do NY Times sobre a Copa do Mundo ))) http://www.nytimes.com/2014/06/11/upshot/world-cup-opinions-in-19-countries-likes-dislikes-predictions.html?_r=0
Essa pesquisa tá engraçada, Maurício.
Parabens pelo texto pessoal caro Caio , legal . abs .