Category Archives Varejo e Atacado

Eu vou me mexer. Está da hora de se levantar do sofá e criar o movimento dos Netflixcóolatras Anônimos. Na verdade, a missão é preguiçosa, como minha rotina de consumidor viciado nas séries da plataforma de streaming. Como moro nos EUA, deveria incluir também Prime Video e Hulu. No trocadilho infame, o sangue está streaming por minhas veias. Eu me converti numa mistura de consumidor passivo e compulsivo. A overdose deve ser diagnosticada como binge. E o primeiro a gente nunca esquece. O meu foi House of Cards (Kevin Spacey, por favor, não descanse em paz). Sou daqueles espectadores que numa sexta-feira, quando uma nova série é colocada à disposição do assinante, entra num universo paralelo, capaz de não retornar ao […]

Quando criança, eu costumava ir com minha mãe ao Paraíso. Uma das filiais da Sears no Brasil ficava no bairro do Paraíso. Cresci e adulto raramente voltei ao Paraíso, pois vivo nos EUA há 30 anos, mas continuei vagando pela Sears. A história de proporções bíblicas da loja é a história do avanço do varejo em larga escala e com variedade pelo interior e pelos subúrbios americanos, a partir de 1893, impulsionada pelo correio e pelas ferrovias. Eu já morei nos cafundós do meio-oeste e há 25 anos estou vivendo em subúrbios de Nova York, em Nova Jersey. A Sears faz parte da minha história de consumidor. Não vou dizer que a Sears já tenha sido minha segunda casa, mas […]

Supermercado para mim é tarefa militar. Gosto de eficiência imaculada quando vou às compras. Supermercado é uma missão inglória que deve ser cumprida. Apenas me esbaldo de satisfação quando derroto meu esquecimento, comprando tudo o que eu preciso. Minha mulher já aprendeu que em casa o supermercado é meu departamento. Sou metódico, fazendo uma ronda entre quatro supermercados para dar conta do recado, do mais refinado ao mais popular, dependendo o produto. Não dou muito papo e detesto quando outros clientes estacionam os carrinhos no meio do corredor para conversa mole. No entanto, sou muito conservador nesta ranhetice. Claro que os supermercados estão assumindo um novo papel como pontos de encontros. Natural que isto aconteça com o enxugamento de shopping-centers […]

O nome da cadeia de lojas de artigos esportivos é horroroso: Dicks’s. Quem conhece bem inglês, fará no ato associações com uma gíria fálica. No entanto, a reputação de Dick’s cresceu (sorry, pelo trocadilho infame) quando decidiu estabelecer uma nova política: venda de armas apenas para maiores de 21 anos. Eu não compro fuzil na Dicks’, apenas raquetes e bolas de squash. Mas, fiquei contente com a decisão, que é relativamente corajosa para uma empresa, adotada depois do massacre de estudantes por um colega atirador em Parkland, na Flórida, em fevereiro. Consumidores e funcionários esperam e exigem que as companhias tomem posições (e não se esquivem) no fogo cruzado relativo aos tópicos sociais, políticos e culturais mais quentes nos EUA. […]

Eu vou falar de assuntos muito privados nesta coluna. Sempre associei o Starbucks a três coisas: meu doppio espresso macchiato, escritório ambulante e banheiro. A rede global de café ganhou manchetes com  a necessidade de esclarecer a política para acomodar clientes e cidadãos em geral. Semanas atrás houve a controvérsia sobre dois homens negros que foram presos em um Starbucks de Filadélfia quando queriam usar o banheiro. A empresa deslanchou uma campanha de relações públicas em reação à polêmica, com fechamento por uma tarde para treinamento de “sensibilidade social” dos funcionários, ou seja, antidiscriminação e precisou reafirmar seu papel pioneiro na cultura cívica americana.  Starbucks, afinal, há décadas se impôs como uma espécie de local quase público, um “terceiro lugar”, […]

Existem problemas de relacionamento no país mais populoso do mundo, o Facebook, com mais de 2 bilhões de habitantes. Eles estão chocados com a condução do país e a multiplicação de práticas abusivas. Até parece um conhecido e desolado país real. Assim como outras nações do mundo virtual, o Facebook é novo, 14 anos, um adolescente desajeitado, pretensioso e que se acha um sabe-tudo. Basta ver o presidente (tecnicamente o CEO) deste país, Mark Zuckerberg. O garotão se vendeu e vendeu ao mundo (real)  a ideia de uma tecnoutopia: plataformas e ferramentas digitais destinadas a forjar (no sentido positivo e não de enganar) uma comunidade global em que todos estariam conectados. E, de fato, estamos conectados. No entanto, como tantas […]

A China atua com paciência estratégica, mas vai longe As férias de verão (aqui para nós, no Hemisfério Norte) estão chegando. Estou animado com o passeio que farei ao Japão, país desorientado, envelhecido, com uma juventude com fama de letárgica e uma economia estagnada há duas décadas. Eu também envelheço, embora ainda seja uma pessoa entusiasmada. Minha última visita ao Japão foi há três décadas, a trabalho, fazendo reportagens para a Folha de S.Paulo. Eram os tempos da invasão japonesa no mundo, o samurai que conquistava até os EUA. Para que atacar Pearl Harbor? Mais fácil comprar o Rockefeller Center. Pois bem, a espada do samurai enferrujou. Mas estou viajando demais. Meu foco é um país mais focado, mais orientado, mais […]

Muitos devem visto a recente história do pobre Dexter. O pavão não voou. A companhia aérea americana não permitiu que ele embarcasse no aeroporto de Newark na companhia da passageira. E quem é Dexter? O animal de apoio emocional. Não é preciso ser um doktor em psiquiatria ou um gênio em logística para saber que a história da passageira não decola. Isto não quer dizer que Dexter não tenha gerado um furor nas redes sociais, com muita gente a favor do pavão. Muitas vezes, bichos geram mais simpatia do que seres humanos. No entanto, a companhia aérea deu um basta em gente que fica se pavoneando e traz tudo quanto é tipo de bicho para o avião, tornando a viagem […]

Meus leitores habituais sabem que minhas férias foram de “trabalho”, como a do so-called presidente Trump. Não tive tantas emoções e controvérsias como nas deles. No entanto, não poderia, é claro, deixar de contar alguma historinha. *** No verão americano, nas minhas férias, cometi uma ousadia que não arriscava há décadas: road trip, ao longo da costa leste, de Nova York a Flórida (round trip). Antes de colocar o pé na estrada, levei o carro para o mecânico e, com tudo literalmente nos eixos, lá fomos nós, Mr. e Mrs. Blinder. Calor infernal, obviamente, mas estávamos no fresquinho do ar condicionado. Well, a história está morna, sem graça, vamos esquentar. Lá embaixo, justamente perto do lendário autódromo de Daytona Beach, […]

Leitores veteranos desta coluna conhecem minha vida de consumidor no pequeno subúrbio novaiorquino de Glen Rock: meus dilemas sobre frequentar o Starbucks local ou o do subúrbio vizinho; manter ou não a fidelidade ao barbeiro próximo depois que o Benny, meu querido italiano, se aposentou em Manhattan e, é claro, minha rotina na tinturaria. Estes minhas historietas de consumidor no dia a dia fazem a razão de ser desta coluna e curiosamente são uma grande história. Imaginem, estou seriamente pensando em vender minha casa agora que as filhas se arrancaram. Eu e Mrs. Blinder queremos viver num apartamento pequeno, sem preocupação para limpar a neve, recolher as folhas no outono ou aparar a grama do jardim. A gente pensa em […]

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