Category Archives Veja

Eu estou no ritmo, contagiado rapidamente, é claro, pouco antes de Brasil x Suíça. Não poderia ser diferente. Sou filho de David. No ritmo de copa, mas, preguiçoso para um jogo diferente, copio a jogada. Aqui vai uma coluna clássica, publicada inicialmente em 14 de junho de 2014. Quatro anos atrás, na época de VEJA.com, chutei coluna atrás de outra naquela copa 7 x1. Boa leitura. *** Este negócio de pátria de chuteiras me incomoda. É só futebol, mas sou filho de David. Meu pai sabia calçar as chuteiras e amava futebol. David quase se tornou profissional (Portuguesa de Desportos), mas ainda era menor de idade e a mãe não o deixou assinar contrato. Imigrante, minha avó que veio de […]

Nos seus cinco anos de vida, a coluna sempre teve rituais. Quando eu saía de férias, eu postava a foto acima. Ela está aí, na minha saída definitiva. Eu sigo viagem por mares já navegados ou talvez nunca dantes navegados. Eu mergulhei com tudo nos temas nobres, áridos, pungentes e nas picuinhas. Tive também uma conexão intensa com os leitores. Eu sou grato pelo engajamento dos leitores e pelo apoio da equipe de VEJA.com desde a primeira coluna publicada em 11 de setembro de 2010. O Instituto Blinder & Blainder não fecha as portas. Seu CEO (e único funcionário) continua trabalhando em outros veículos e também está presente no Twitter (@caioblinder) e no Facebook. Muito obrigado e um abraço (já […]

Em quatro anos de guerra civil síria, o açougueiro Bashar Assad fez o que pôde para trucidar a oposição moderada, facilitando a vida dos jihadistas ensandecidos, a destacar o Estado Islâmico. Vitória para maniqueístas e oportunistas como Vladimir Putin. Nosso homem em Moscou hoje cobra do mundo o posicionamento entre Assad e o terror; derrota para Barack Obama. O homem das nuances amarga um fiasco estratégico e humanitário na Síria. No jornal britânico The Daily Telegraph, Ruth Sherlock tem um relato ilustrativo sobre o clima de derrota em Washington e o fato de o governo Obama ter aceitado tacitamente as regras do jogo impostas por Moscou. Putin capitalizou a indecisão americana na Síria (Obama nunca se engajou com vigor no […]

Por uns momentos, na segunda-feira, na chatice que costuma ser a discurseira na abertura da assembleia geral da ONU (o Brasil tem a honra de iniciar todo ano a verborragia), imperava o clima de alta tensão da Guerra Fria. O presidente americano Barack Obama falou. Logo depois, foi a vez do presidente russo Vladimir Putin (que deu as caras na ONU depois de 10 anos). E mais tarde, os dois tiveram uma reunião bilateral. Para Obama, o “tirano” Bashar Assad deve sair do poder. Para Putin, o “presidente legítimo” da Síria deve ficar. Ele é parte de uma espécie de cruzada contra o terror do Estado Islâmico. Santo Putin. A Rússia de hoje nem de longe pode se comparar ao […]

Dilma Rousseff está em Nova York.  E qual é a maior importância para ela desta viagem centrada em reuniões na ONU? Simples: não estar no Brasil. Há discurso para lá e há discurso também para lá sobre metas para 2030 (emissões de gases do efeito estufa) ou de prazo indeterminado (reforma do Conselho de Segurança da ONU). Tudo vale no esforço que trafega entre o desesperado e o patético para o governo vender uma agenda positiva e de protagonismo internacional. Claro que as metas são válidas e dignas de serem debatidas pelas regras convencionais do jornalismo. No entanto, este não é um momento convencional no Brasil. Como Dilma pode falar de metas para 2030 quando sequer consegue improvisar um plano […]

Serão discursos e mais discursos na abertura de mais uma assembleia-geral da ONU nesta segunda-feira na babel de Nova York. Salvo alguma pedalada em dilmês (que significa a “disruptura” da língua portuguesa) sobre a necessidade de diálogo com os terroristas do Estado Islâmico, Dilma Rousseff, como quase qualquer um no pódio, falará alguma coisa humanamente sensata que o mundo não deve negligenciar os refugiados, especialmente os sírios. E em português claro, eu faço minhas as palavras do editorial corrente da revista The Economist: esta massa de refugiados do Oriente Médio rumo à Europa nos leva apenas a uma conclusão: não importa o que a Europa faça nas suas fronteiras, a crise não vai terminar até que pare a guerra civil […]

Que sexta-feira! Papa em Nova York, Dilma em Nova York (deixa pra lá), Obama com Xi Jinping na Casa Branca e também em Washington o abrupto anúncio da renúncia do deputado republicano John Boehner à presidência da Câmara. Boehner se encheu da ingrata tarefa de administrar a instituição, de travar duelos com a minoria democrata e de tentar pacificar a molecada do Tea Party, a ala radical do Partido Republicano, que abomina a palavra governabilidade e vive obcecada com insurreições pela paralisação das atividades governamentais (o shutdown). Para os moleques teapartistas, político bom é político purista que jamais faz compromisso, que jamais faz política. Os ultraconservadores estão em festa com a rendição de Boehner, mas Peter King, o veterano deputado […]

O discurso do papa Francisco no Congresso americano na quinta-feira foi uma aula. Na tradição dos melhores professores jesuítas, em primeiro lugar ele elogiou os EUA, sua vibrante história política e seus ideais como “terra dos livres e o lar dos valentes” (palavras do hino nacional americano). Aí com delicadeza, o papa colocou à prova os líderes de um país dividido. As mensagens desafiaram a ortodoxia dos dois partidos, mas os pontos enfatizados foram mais satisfatórios aos democratas e significaram mais pressão sobre os republicanos, que controlam tanto a Câmara como o Senado. Lá estava o papa argentino lembrando que ele é “filho de imigrantes” como tantos que estavam diante dele. Assim, é natural que o país acolha os imigrantes. […]

Primeiro papa latino-americano em sua primeira viagem aos EUA, Francisco faz nesta quinta-feira discurso em sessão conjunta do Congresso em Washington, um gesto histórico. Já escrevi sobre as previsíveis divisões nos EUA (e entre os católicos americanos) em relação ao papa Francisco. Há também a crise interna da Igreja católica americana com a perda de fiéis para denominações protestantes e para a religiosidade não afiliada. No entanto, esta visita de Francisco consagra a influência católica em um país protestante por excelência: há seis candidatos católicos na corrida presidencial dos republicanos, o vice-presidente Joe Biden é católico e, caso entre na maratona democrata e vença a eleição geral em 2016, será apenas o segundo presidente católico na história do país (o […]

Políticos em qualquer parte do mundo não podem ter a ilusão sobre sua capacidade para “fazer a cabeça” de um papa. Isto vale obviamente para presidentes americanos, mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA se converteram em líder indiscutível da civilização ocidental. O papa Francisco está nos EUA para sua primeira visita e o presidente Barack Obama espera colher os frutos, selecionando aqueles de uma agenda comum com o sumo pontíficie, a destacar o combate ao aquecimento global e às desigualdades sociais (pontos essenciais da plataforma eleitoral democrata em 2016).  Obama, um presidente chegado no púlpito, sabe, porém, que não pode ter a pretensão de ensinar o padre-nosso ao vigário. Ademais, existem as diferenças em questões como aborto […]

Close
SiteLock