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Na Terça-Feira Gorda, eu vou preguiçoso na marcha geopolítica, pegando carona no bloco de Roger Cohen, o colunista do New York Times, um dos meu favoritos. Cohen traça um amplo arco para falar do horror do terror islâmico, das desventuras da Primavera Árabe e da nossa postura, no Ocidente. Pego carona, mas taco os meus pitacos na pensata. Cohen começa dando uns cascudos na retórica anódina da liderança ocidental. Depois dos atentados em Copenhague, a primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thornig-Schmidt, repetiu no domingo que não se tratava de uma “batalha entre islamismo e o Ocidente”. Foi um eco das vagas referências de Barack Obama aos “extremistas violentos”, na expressão desvinculada de fundamentalismo islâmico. Nomes precisam ser dados aos bois, aos animais. […]

No ritual sabático do Instituto Blinder & Blainder, mais um texto em português do jornal espanhol El País. Passei a semana obcecado com a Ucrânia (e um pouco de 50 Tons de Cinza). É saudável, portanto, um desvio de curso. Curiosamente, em suas pinceladas, o veterano diplomata brasileiro Luis Felipe de Seixas Corrêa simplesmente ignora Europa, Ucrânia e o nosso homem em Moscou. Desvio exagerado, mas instiga o debate. Será que eu maximizo o desafio russo ou será que Seixas Corrêa o minimiza? Ele também minimiza o desafio chinês ao Ocidente. Seu foco é o extremismo islâmico e concordo plenamente com suas observações finais. Boa leitura. Boa reflexão. Bom debate. PS- O corpo de funcionários do Instituto Blinder & Blainder […]

Na coluna anterior, deixei no ar duas perguntas em razão da queima do piloto jordaniano ainda vivo, em mais um ato de “requintada” barbárie do Estado Islâmico: quem realmente vai se aventurar à tarefa de lutar? E quem mais ganha com a destruição desta categoria de barbárie, além de nós, que nos consideramos civilizados? Antes de mais nada, qualquer vitória contra o Estado Islâmico é um pequeno passo para a civilização e um grande salto de modernidade para o mundo islâmico. Fora esta pincelada no cenário, sendo específico sobre a primeira pergunta (quem vai à luta?), tudo nebuloso. E por um motivo paradoxalmente claro neste “fog of war”: é uma guerra de ideias dentro do mundo islâmico e este tipo de […]

Por quê? A pergunta de George Packer, da revista The New Yorker, foi feita antes do vídeo macabro da execução do piloto jordaniano Muath al-Kasasbeh pelo Estado Islâmico (coluna de terça-feira). A referência de Packer ainda era a degola no fim de semana do jornalista Kenji Goto (aqui meu texto a respeito), o segundo refém japonês executado pelo terror. Na sua hipérbole jihadista e genocida, o Estado Islâmico ameaçou matar qualquer japonês no planeta enquanto degolava o jornalista-refém. Para muitos no Japão, nenhum país é uma ilha (nem a deles) e a execução de Kenji Goto é o 11 de setembro dos japoneses, que carregam um fardo pacifista, herança da derrota na Segunda Guerra Mundial. A ver. De volta ao ângulo […]

O vídeo no sábado mostrando a decapitação do jornalista Kenji Goto é mais um ato do ritual de barbárie do movimento terrorista Estado Islâmico e pode ser um ponto de virada na política externa japonesa, algo histórico no cenário global. De acordo com o Estado Islâmico, Kenji Goto era mantido cativo com um piloto jordaniano e estão em curso esforços para trocá-lo por uma terrorista iraquiana condenada na Jordânia há dez anos após fracassar no seu atentado suicida com a detonação de explosivos. Os japoneses ficaram estarrecidos com os sequestros de Haruna Yukawa (decapitado quando o Japão se recusou a pagar US$ 200 mihões de resgate) e do experiente e respeitado jornalista Kenji Goto, capturado pelo terror quando foi para a Síria […]

Algumas horas no domingo separam dois casos de uma trama cinematográfica: o promotor argentino Alberto Nisman foi encontrado morto em seu apartamento em Buenos Aires horas depois da morte de gente da conexão Hezbollah/Irã em um ataque israelense no lado sírio das colinas de Golã. Nisman investigava o atentado contra o centro comunitário judaico de Buenos Aires em 1994 e denunciava a suposta obstrução de justiça pelo governo de Cristina Kirchner. Ele iria apresentar as denúncias nesta segunda-feira no Congresso contra a presidente Kirchner e seu ministro das Relações Exteriores Héctor Timerman, acusados por ele na quarta-feira passada de acobertar o Irã por seu suposto envolvimento no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), que deixou 85 mortos e […]

Esta semana, eu publiquei um texto do site The Daily Beast sobre a periferia de Paris, na “baixada” onde vive a população de imigrantes, filhos e netos, um universo alternativo e nada charmoso em relação à cidade dos turistas. De lá, saem jihadistas, jovens marginalizados e aqueles que acreditam que as chacinas terroristas no Charlie Hebdo e no supermercado judaico tenham sido uma trama judaica. Em várias cidades europeias existem estes universos, estes guetos. Esta semana, a Bélgica ganhou manchetes com a operação antiterrorista que culminou na morte de dois suspeitos, que tinham retornado de combate na Síria para, segundo as autoridades, barbarizarem em casa. Felizmente, a barbárie foi abortada. Em termos proporcionais, o país de 11 milhões de habitantes […]

Na mesma sexta-feira passada em que quatro judeus foram executados pelo terrorista islâmico Amedi Coulibaly em Paris, um muçulmano era punido em Jeddah, na Arábia Saudita. O blogueiro liberal Raif Badawi (liberal para os padrões sauditas) recebia as primeiras 50 chibatadas das mil de sua punição por “insultar o islamismo”, no espetáculo diante do centenas de fiéis fora da mesquita. No ritual cruel, estão programadas 50 chibatadas a cada sexta-feira, além de 10 anos de prisão. Badawi apenas escapará de nova prestação de chibatadas se o médico concluir que ele não está em condições físicas para a flagelação devido aos ferimentos sofridos na primeira prestação. Atualização às 11:53: A organização Anistia Internacional informou que as chibatadas desta sexta-feira foram adiadas […]

Na preguiçosa coluna que estaciono durante minhas férias está escrito que mesmo na dolce vita não deixo de ler meu guru de economia, Martin Wolf, do Financial Times. O guru fugiu de sua área para falar do terror islâmico em Paris, com boas sacadas (aqui o texto integral). Vou compartilhar em português apenas as recomendações de Martin Wolf, que não se considera um “expert” na questão, mas um cidadão de uma democracia liberal que ele deseja que continue assim. Wolf  salienta que derrotar fanáticos é difícil. Matar ideias é difícil. Matar ideias religiosas, nem se fala. Ele lembra que as ideias de Martinho Lutero desencadearam 130 anos de guerras religiosas  na Europa, algo inquietante. Portanto, as respostas de Martin Wolf […]

Estou há exatamente uma semana na lenga-lenga do “somos isso, somos aquilo”, lenga-lenga desfechada com a chacina no jornal satírico Charlie Hebdo e que reflete a necessidade de solidariedade com as vítimas do terror islâmico, do centro de Paris aos cafundós da Nigéria. Quando se trata de política internacional, os brasileiros estão no bloco de “todos somos provincianos”. O mundo em geral fica nos cafundós, raramente provoca comoção da sociedade brasileira. Claro que quando aviões são arremessados contra torres em Nova York, uma guerra explode ou um tsunami irrompe existe uma interesse fugaz. E cadê a comoção agora no Brasil? Eu sou do bloco que acredita que o 7 de janeiro (data da primeira chacina em Paris) tenha sido o […]

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