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O cartoon acima foi destacado para a coluna no feriadão para dar leveza. Afinal, foram semanas aqui de tensão por razões eleitorais. Achei engraçado, embora tenha sérias ressalvas ao conteúdo, O presidente argentino Macri, assim como o chileno Piñera, não pode ser associado automaticamente a Bolsonaro. Ele representa uma direita mais sofisticada e sensível aos desafios de um universo cultural mais diversificado. O mesmo se aplica ao Uruguai governado por Tabaré Vázquez. Ele representa uma esquerda mais avançada e mais decente do que o PT. Fecho polêmico: no final das contas, o Brasil é mais atrasado do que pelo menos dois dos seus vizinhos. Assim, quem é o pobrecito?

Com as turbulências dentro da China e o ritmo de montanha russa que ela tem imposto nos mercados globais nas últimas semanas é bom pensar grande, pensar na história. O acadêmico americano Jacob Soll tem boas sacadas e nos ajuda a entender melhor o papel da China na montanha russa (ou nas turbulências oceânicas) da história. Existe algo inédito no papel presente da China: pela primeira vez, uma grande potência não ocidental ameaça a estabilidade financeira global. No entanto, já vimos algumas vezes na história um desempenho de uma potência com o perfil da China. Estrela de quase uma década de baixo crescimento econômico global, a China continua sendo uma ditadura com uma economia envolta em segredos de estado. Soll […]

Apesar da capa desoladora sobre a Grande Queda da China (trocadilho sobre Grande Muralha, Great Wall), a revista The Economist aponta no seu editorial que o país (a segunda economia mundial) “não está em crise”. No entanto, sua habilidade para evoluir suavemente de uma economia dirigida para uma economia de mercado nunca foi tão questionada como agora. Termos muito suaves para definir o que está acontecendo. Na verdade, é muito penoso o mundo se ajustar ao “novo normal” de uma China que não mais crescerá 10% por ano. O próprio regime está resignado a este “novo normal” e seu ajuste é desajeitado. Os sinais de Pequim são mistos, o que gera pânico. Os momentos de alívio esta semana em mercados […]

Aqui do meu posto “avançado”, eu acredito ser meu dever reportar para a base (o Brasil) o que se fala no exterior sobre o Brazil em tempos crônicos de crise. Trago de volta Lourdes Garcia-Navarro, a correspondente no Brasil da National Public Radio, a NPR, a rádio pública americana. Na semana passada, reportei a conversa incrédula entre ela e o apresentador do noticiário sobre a taxa de aprovação de Dilma Rousseff (o apresentador não acreditava que fosse de 8%). Desta vez é uma conversa com bem menos incredulidade, mas com hipérboles. O apresentador do noticiário conversa com vários correspondentes da NPR sobre o impacto da crise chinesa em cada país. Lourdes Garcia-Navarro é fulminante. Ela diz que o Brasil “está […]

O espetáculo do circo eleitoral americano pode ser uma fantástica diversão, mas a distração é perigosa. Está aí o big idiota Donald Trump dando o seu show diário. Em mais uma das suas bravatas, o bufão que lidera a corrida das primárias presidenciais republicanas disse que o presidente Barack Obama não deveria oferecer banquete na Casa Branca ao presidente chinês Xi Jinping durante sua visita de estado no mês que vem. Trump recomenda apenas um duplo Big Mac. Com a crise global deflagrada com as tempestades econômicas chinesas, Trump afiou seus ataques protecionistas. Disse que os EUA deveriam desfazer os nós que os unem à segunda economia mundial. No seu raciocínio brilhante de empresário, ele denunciou que os chineses querem […]

Com a “segunda-feira negra” nos mercados globais, a semana começou com alta intensidade, alta volatilidade e momentos de pânico (será que estamos em outubro de 1929? Em setembro de 2008?). O guru financeiro Ruchir Sharma, do banco de investimentos Morgan Stanley, é metódico na sua perspectiva histórica. O fato é que o mundo entra no sétimo ano de uma morna recuperação (sendo redundante, estamos falando em termos globais e não localizados) e já é tempo de perguntar: quando terá lugar a próxima recessão e quem será responsável? Uma recessão global tem acontecido a cada oito anos nos últimos 50 anos. Os sinais mostram que a próxima será “made in China”. Será um proeza histórica (é o preço de estar na […]

O Brasil atravessa suas tormentas e não é nenhum consolo que a semana tenha sido de chuvas e trovoadas nos mercados globais. Tampouco tomar nota do clima de desolação nas vizinhanças. No entanto,  é bom saber que o Brasil não é uma ilha. Neste espaço sabático, a navegação fica sob o comando do jornalista argentino Carlos Pagni, figura familiar na coluna. Boa leitura! *** Carlos Pagni A desaceleração chinesa, a queda nos preços das matérias-primas e a perspectiva de uma alta na taxa de juros dos Estados Unidos estão reconfigurando a economia latino-americana. À medida em que a onda de bonança se afasta, afloram as fragilidades de políticas apoiadas em subsídios. Os Estados ajustam suas contas; os governos, seu discurso. […]

O regime ditatorial chinês sempre forçou a barra: cruel para consolidar o comunismo e implacável para empreender reformas econômicas. Nas últimas décadas, para conseguir taxas estupendas de crescimento, o regime adotou as reformas de mercado e assim se tornou a segunda economia mundial. No entanto, o Partido Comunista nunca perdeu de vista o imperativo do seu controle político e a obsessão para manter estabilidade social. Logo, a interferência no mercado precisa ser avassaladora em nome do interesse supremo (o do partido). Nas últimas semanas, o mundo assistiu deslumbrado e apreensivo ao espetáculo de montanha russa no mercado de ações, com o rally promovido pelo regime. No período de um ano, a alta no Índice Xangai foi de 155%. Com a […]

Os tentáculos econômicos chineses estão no Brasil, estão em todas as partes (leia coluna de terça-feira). Os políticos são menos vistosos. Os EUA tentam domar o vigor chinês com o seu próprio e ambicioso projeto comercial de um acordo de 12 países no Pacífico, que exclui o supermergente. Seu sucesso não está garantido diante de resistências protecionistas nos EUA, a destacar na base do Partido Democrata de Barack Obama, um ativo promotor deste acordo de livre comércio, ao lado de líderes republicanos. Obama conta também com apoio do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que igualmente enfrenta resistência protecionista dentro de casa. Obama e Abe compartilham a preocupação estratégica com o avanço chinês. Ao mesmo tempo, os dois países estão economicamente entrelaçados […]

O primeiro-ministro chinês Li Keqiang está no Brasil na primeira escala de uma viagem à América do Sul carregada de projetos e de simbolismo. As quatro escalas (Brasil, Peru, Colômbia e Chile) representam 57% das relações comerciais da China com a América Latina. O supergigante emergente desacelerou, mas o Brasil em estado recessivo topa qualquer negócio. A China, na verdade, também, sem questionar a ética ou o regime político do freguês. No começo do ano, o presidente Xi Jinping falou em investimentos de US$ 250 bilhões na América Latina ao longo de uma década. Pequim trabalha a longo prazo (e tem US$ 4 trilhões de reservas), embora possua algumas preocupações imediatas para compensar sua capacidade excessiva na construção de obras […]

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