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Há 200 anos (9 de junho de 1815), as potências europeias finalizaram nove meses de negociações e pariram um acordo (um concerto) para trazer estabilidade e equilíbrio de poder depois das guerras napoleônicas. Funcionou em linhas gerais até a Primeira Guerra Mundial, cem anos mais tarde, que trouxe ainda mais destruição. Uma figura-chave nas negociações e cérebro de conceitos como legitimidade das nações e balança de poder foi o príncipe austríaco Klemens Wenzel von Metternich. Agora, na terça-feira, após uma exaustiva maratona de 18 dias (os tempos são mais velozes), as potências mundiais e o Irã (que tem aiatolá, mas não Napoleão) finalizaram as negociações na mesma Viena, velha de guerra e de diplomacia, para um acordo nuclear e um projeto […]

Na coluna de quinta-feira, eu fiz o indiciamento da arruinada política externa americana no Siraque, no arco que vai da leviandade de Bush ao excesso de cautela de Obama. Um sacador heterodoxo, Robert D. Kaplan, num texto na revista The Atlantic, não vê ruínas na cautela de Obama para não se meter nos conflitos do Oriente Médio. Ele vê sólidos pilares. Para Kaplan, existe a arte de evitar a guerra. Ele cita Sun Tzu, o sábio chinês da Antiguidade, para qual “o lado que sabe quando lutar e quando não lutar terá a vitória”. Existem estradas que não devem ser viajadas, exércitos que não devem ser atacados e cidades fortificadas que não devem ser assaltadas”. Kaplan viaja na história com […]

Barack Obama teve um sonho: acertar um acordo nuclear com o Irã xiita, moderar o agressivo comportamento externo do regime de Teerã no Oriente Médio, conter a proliferação nuclear na região e construir um novo equilíbrio de poder em uma parte do mundo muito convulsionada. Faltou combinar com os principais aliados dos EUA no Oriente Médio. O sonho de Obama é um pesadelo para os regimes sunitas do golfo Pérsico e para Israel. O novo normal no relacionamento dos EUA com seus aliados tradicionais no Oriente Médio é o choque de interesses e a crescente desconfiança. Obama acaba de sofrer mais um vexame. O novo rei saudita, Salman, decidiu não dar as caras em Camp David para uma reunião de […]

Eu mantive acima a ilustração satírica da coluna de domingo passado para reforçar a ideia de que nem as cabeças mais pretensiosas têm um pleno entendimento do que se passa no Oriente Médio. No entanto, rabiscar é preciso e poucos rabiscam de forma tão lógica e pretensiosa, não se intimidando com o caos geopolítico reinante, como o guru George Friedman, da empresa de consultoria Stratfor. Para ele, fazer um diagrama satírico, como o da ilustração, é mera travessura. É preciso realmente ilustrar analiticamente. Existem alianças conflitantes e esquisitas hoje em dia no Oriente Médio, com os EUA atuando a favor e contra milícias xiitas (a favor no Iraque e contra no Iêmen). Friedman não considera tal postura tão incoerente como […]

Como o Instituto Blinder & Blainder está cada vez mais perdido no labirinto do Oriente Médio, foi pedir ajuda do Instituto de Diagramas da Internet, uma sacada do satirista e arquiteto Karl Sharro no site da revista The Atlantic. A ideia é esclarecer as alianças desta região tão antiga e tão pródiga em confusões. O conselho do instituto parceiro é ver o diagrama usando óculos 3-D. Trocando em palavras, mas não em miúdos, o presidente americano Barack Obama não é chegado em ultrapassadas oposições binárias. Diante do dilema de escolher entre confrontar e apaziguar o Irã, Obama decidiu fazer as duas coisas. Portanto, achar tudo confuso é defeito de analista preguiçoso, como é o caso do Instituto Blinder & Blainder […]

Avião é manchete global.  A mais espetacular obviamente é a declaração do promotor francês Brice Robin de que o copiloto alemão Andreas Lubitz trancou o piloto do lado de fora da cabine de comando e iniciou o procedimento de descida da aeronave “por uma razão que não temos nenhuma ideia, mas que pode ser vista como um desejo de destruir o avião” acidentado na terça-feira nos Alpes franceses. De acordo com o promotor, o piloto estava fora da cabine de comando e o copiloto do Airbus A320 ativou os controles para fazer o avião descer até se chocar contra uma cadeia de montanhas, no acidente que matou as 150 pessoas que estavam a bordo do avião da Germanwings, que voava […]

Ronaldo Reagan confundiu Brasil com Bolívia (poderia ser ainda pior, o contrário) e Sarah Palin, aquela que via a Rússia de sua casa, flertou com a Casa Branca. No entanto, ignorância geográfica e vexames geopolíticos não são monopólio dos republicanos. No site da Casa Branca, hoje sob administração democrata, foi publicado material sobre um briefing de uma alta autoridade do governo Obama, explicando que a Arábia Saudita era uma boa parceira dos EUA no combate aos terroristas do grupo Estado Islâmico devido à sua “extensa fronteira com a Síria”. Os dois países não têm fronteira e como observa o colunista obamista do New York Times, Nicholas Kristof, melhor ser cético quando a Casa Branca vai à guerra sem conhecer o […]

Três horas antes do décimo-terceiro aniversário dos atentados do 11 de setembro, em que os EUA foram atacados pelo jihadismo ensandecido da rede Al-Qaeda, o presidente Barack Obama fez discurso solene na quarta-feira à noite sobre seus planos para enfraquecer e, por fim, destruir o Estado Islâmico, outra onda de jihadistas ensandecidos que com seus métodos fazem a rede Al-Qaeda parece um grupo de escoteiros. Foi um bom discurso para um presidente que há duas semanas confessou que ainda não tinha uma estratégia para lidar com o Estado Islâmico. Na quarta-feira, de frente aos americanos e ao mundo estava Obama, o presidente que lidera de trás. Pelo menos era assim que ele gostaria de ser. Mas, não, ele não pode, […]

Em seu segundo discurso de posse presidencial, em 21 de janeiro de 2013, Barack Obama pontificou: “Uma década de guerra está terminando”. A promessa de Obama era a retirada americana do Iraque e do Afeganistão. Na verdade, uma retirada dos atoleiros externos. Na sequência daquele discurso de segunda posse, o presidente listou seus planos e aspirações, centradas em um projeto de ativismo governamental. Na lista, estavam o combate à desigualdade de renda, reformas tributária, educacional e na imigração;  e ênfase em mudanças climáticas. O imprescindível (para mim) Gerald Seib, do Wall Street Journal, mostra como esta agenda doméstica está à deriva, enquanto Obama está sendo sugado pelos atoleiros do Oriente Médio e de outras crises internacionais (para quem puder acessar, […]

Eu escrevo e falo tanto que nem lembro quando falei ou escrevi que Barack Obama quis correr do Oriente Médio, mas o Oriente Médio teima em correr atrás do presidente americano. Obama agora está na correria para costurar a tal da estratégia para lidar com os desafios espinhosos da região, a destacar o urgente, envolvendo os terroristas ensandecidos do grupo Estado Islâmico. Nada mais sintomático que o presidente tenha escolhido esta quarta-feira, véspera do décimo-terceiro aniversários dos atentados do 11 de setembro para falar a uma nação relutante sobre os planos. A nação ficou relutante depois dos custos e a da frustração com os lucros na sequência das guerras no Afeganistão e Iraque. A relutância, a nebulosidade e a duplicidade […]

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