A derrota de Macri para a dupla Fernández & Fernández no primeiro turno não surpreendeu. A surpresa é que tenha sido por uma margem abaixo das expectativas e das projeções nas pesquisas  (48% a 40,5%). Não adianta chorar, Macri e Argentina. Quem sabe com um comparecimento maior nas primárias abertas de agosto, Macri poderia ter chegado em melhor forma domingo passado e forçado um segundo turno. Seu vexame levou ao desmoronamento do peso e à alta da inflação. De qualquer modo, a caminhada eleitoral de Macri sempre seria inglória. Mesmo enfraquecida, a oposição ao peronista tem força política e a Argentina segue polarizada. O presidente-eleito é um camaleão, mas não tem como esconder a infame Cristina Kirchner (a outra Fernández) […]

Dá para confiar em Alberto Fernández, o muito provável futuro presidente da Argentina? No Brasil, existe o analogia preguiçosa de que Fernández é o poste de Cristina Kirchner (sua companheira de chapa), alguém ao estilo de Dilma ou Haddad. Fernandez, no entanto, tem perfil próprio e não de um poste. Claro que foi um tango bem coreografado de Cristina se oferecer como parceira secundária dele para unir o peronismo contra Macri. E vimos o baile nas prévias eleitorais de 11 de agosto. O candidato peronista mostra passos pragmáticos e moderados. Parte da coreografia claro é para acalmar os mercados e impedir que o país despenque ainda mais no abismo antes de sua provável vitória, talvez já no primeiro turno em […]

O presidente Mauricio Macri fez campanha na base do medo com a esperança de que o fantasma da volta do peronismo ao poder assustasse a tal ponto o eleitorado, permitindo sua reeleição apesar do custo sócio-econômico do sua gestão. Este era o plano A para a Argentina, mas a derrota estrondosa de Macri nas primárias gerais de domingo abrem caminho até para a vitória no primeiro turno em 27 de outubro do peronismo, que no final das contas se uniu e cerrou fileiras com a ex-presidente Cristina Kirchner, que concorre como vice na chapa de oposição. A vitória peronista acima das expectativas é uma tragédia não apenas para a Argentina, mas para a região. O cenário é de volta do […]

A gente conhece a história e ela é uma triste milonga. Os peronistas faturam com uma onda de commodities, fazem uma lambança, roubam de forma adoidada e aí é preciso arrumar a Casa Rosada. Vem um Macri da vida que precisa governar com a herança maldita, assumindo a promessa de dar um jeito nas coisas. Como é argentino, o ego é inflado como a inflação nacional. E este Macri se torna um queridinho dos investidores estrangeiros. Eu próprio reconheço que fui seduzido, afinal ele é o que de melhorzinho apareceu em muito tempo na América Latina. Os problemas são graves e subestimados e a capacidade de Macri para resolvê-los é superestimada. O eleitor nunca dera um tremendo crédito de confiança […]

Mauricio Macri é uma nova realidade na América Latina, o que de melhorzinho apareceu nos últimos tempos. No entanto, os velhos fantasmas assombram; dólar e juros altos, pires no FMI e os peronistas. Quando não são governo, os peronistas não deixam ninguém governar. Não é à toa que presidente não peronista nem consegue terminar o mandato na Argentina. Será este o destino de Macri? Provavelmente não. No entanto, ele amarga a pior crise de governo desde sua posse em dezembro de 2015. Macri apostou no gradualismo: a ideia de combater o populismo e consertar o estrago da era Kirchner com reformas graduais, ou seja, sem terapia de choque. O dinheiro de fora veio após uma fase em que a Argentina […]

Os resultado ainda não completos na madrugada de segunda-feira mostram uma vitória acima das expectativas para Mauricio Macri nas eleições de domingo para renovação parcial do Congresso argentino. Cambiemos, a coalizão de governo, não deverá conquistar maioria absoluta, mas sua vitória pode ser definida como um triunfo, pois o peronismo foi derrotado em províncias onde reinou por décadas. Cambiemos se converte no principal partido argentino. Antes de tudo, as eleições eram um referendo sobre o governo Macri. Missão cumprida para o presidente. No domingo, os argentinos renovaram o voto de confiança no presidente eleito há dois anos. Em segundo lugar, existe espaço para o presidente negociar o avanço das reformas com a oposição não kirchnerista (da ex-presidente, a rainha Cristina). […]

Ferida, podre e combativa, Cristina Kirchner está de volta. Enrolou-se na velha bandeira do nacionalismo peronista e vai concorrer ao Senado argentino em agosto. Se eleita, de cara, a mulher-botox ganha imunidade parlamentar. Nada mais conveniente para esta musa corrupta de uma parte do peronismo. Sim, com ela, o peronismo está dividido, o que não é novidade, e não vai cicatrizar as feridas. O plano mais a longo prazo de Cristina é retornar à Casa Rosada nas eleições presidenciais de 2019. Presidente entre 2007 e 2015 (após o governo do marido Nestor), Cristina é odiada e desprezada pela maioria dos argentinos, mas tem um núcleo duro de adoradores, na faixa de 25/30%. Sendo otimista, se as eleições presidenciais fossem hoje, […]

Nem compensa matutar sobre a Venezuela, afinal acabei de ler a história sobre o confisco chavista de quatro milhões de brinquedos de uma fábrica para distribuição no Natal. Sobre o Brasil, eu não tenho presentes noticiosos a oferecer. Então, vou dar uma passada na Argentina para checar se existe algo promissor para reportar na América do Sul… não muito. O Financial Times foi uma das publicações que saudou e com razão a chegada de Mauricio Macri ao poder um ano atrás. O relato neste final de 2016 tem um tom melancólico mas não devastador. Macri convocou o ministério na semana passada para um retiro espiritual e não precisou refletir muito para admitir que gerara expectativas irrealistas de mudanças. O peso […]

O populismo barato, mas de custo exorbitante e escandaloso, na América Latina, vai sofrer mais um golpe com o impeachment de Dilma Rousseff. A Argentina, como todos sabem, saiu na frente com a ascensão ao poder de Mauricio Macri. Maravilha a América do Sul sem Kirchners, Lulas e Dilmas. Ainda estão aí os hermanitos bolivarianos, filhotes do chavismo, mas ao menos o horizonte é mais promissor no cone sul da América Latina. No entanto, nada de euforia. Não existe um arco-íris no horizonte. Basta ver o que se passa na Argentina de Macri para ter uma medida de como a jornada será atribulada e num cenário cinzento no Brasil sem Dilma. O destaque noticioso sobre América Latina no jornal Financial Times […]