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Neste mês do centenário de nascimento do Partido Comunista, a ditadura chinesa exibe com gosto o seu DNA. Conhecemos o paradoxo essencial da China moderna: uma história de sucesso hipercapitalista enquanto a ditadura comunista é preservada. Se a corda estica, mais arrocho. Didi, o equivalente chinês ao Uber, é neste momento uma vítima preferencial deste arrocho, pois contra a vontade do partidão resolver fazer uma IPO, oferta pública inicial, em Nova York. Entre outras coisas, citando segurança cibernética, a ditadura bloqueou a empresa de adicionar novos usuários. A China não é capitalista, ela meramente gosta de alguns de seus aspectos, enquanto segue detestando a democracia como um todo. A ditadura teme quando indivíduos ou empresas chinesas podem se tornar rivais […]

Existem investigações mais sérias da inteligência americana sob Biden (e não mais teorias conspiratórias xenofóbicas vomitadas por Trump) sobre a criação acidental do Covid-19 em laboratório chinês, ao contrário da sabedoria convencional de que tudo começou num mercado de animais. E finalmente a imprensa leva o assunto a sério. Talvez nunca se saiba o que aconteceu devido à falta de colaboração da ditadura chinesa, pródiga para acobertar fatos e fazer revisionismo histórico. E uma ditadura nem sempre é culpada pelos crimes a ela atribuídos. Basta ver a saga envolvendo as armas de destruição em massa de Saddam Hussein. No geral, a ditadura chinesa tem culpa no cartório para acobertar seus crimes e apagar a história. Sexta-feira, dia 4, será mais […]

Um Jack em cada ponta. Nos EUA, um bilionário tech – O CEO do Twitter, Jack Dorsey, desligou de forma unilateral o megafone de um presidente. Este Jack reconheceu que foi um precedente perigoso, mas decisão correta. Ele está correto. Na China, um bilionário tech, o fundador da Alibaba, Jack Ma – criticou os reguladores da ditadura comunocapitalista e rapidamente recuou para o silêncio, encarando uma investigação antitruste e o cancelamento da maior IPO da história. São situações inversas que revelam como ambos os países lidam com os gigantes da tecnologia e a informação digital.  

Somos assolados por teorias conspiratórias de todos os gêneros, somos assolados pelas mentiras de Donald Trump de todos os tipos e somos assolados pelas “verdades” uniformes da ditadura chinesa. Em mais um esforço espetacular pós-pandemia que fascina, assombra e amedronta, o regime de Xi Jinping está trazendo quase 200 milhões de estudantes de volta às escolas, com um método implacável que obviamente não admite dissensão ou sequer reclamação. Como disse o ditador Xi, a normalização da vida na China “demonstra plenamente a clara superioridade da liderança do Partido Comunista e do nosso sistema socialista.” Já que estamos falando de escola, as lições de George Orwell são eternas: “The party told you to reject the evidence of your eyes and ears. […]

Trump sendo Trump, ele nunca vê o perigo russo debaixo da cama (ok, ele está debaixo dos lençóis com o envenenador Putin). Ele prefere, depende o contexto, brandir o perigo chinês, em particular para rotular Biden como um fantoche de Pequim e alertar na campanha eleitoral que a vitória de Joe será a vitória de Xi. De acordo com a denúncia da semana, analistas de inteligência americana receberam ordens de cima para minimizar as ameaças de violenta supremacia branca e avaliações sobre interferência eleitoral russa, focando ao invés em China e Irã. Nesta quinta-feira, aliás, a Microsoft revelou que espiões russos estão alvejando os partidos políticos americanos, enquanto China e Irã tentaram hackear as campanhas presidenciais. Vamos a uma formulação […]

Claro que a espiral de conflitos entre EUA e China é real, inevitável e inexorável: o grande conflito geopolítico pelo menos da primeira metade do século 21. A espiral é acelerada por fatores como a pandemia e o calendário eleitoral. O caso americano é mais óbvio: uma democracia em que a troca de guarda pode ocorrer com a eleição de novembro. O gigante chinês (predador, pirata e acobertador da pandemia) é um alvo fácil e preferencial para Donald Trump, em queda nas pesquisas (e não podemos esquecer que Joe Biden não pode parecer e nem é apaziguador). No entanto, Xi Jinping também tem um teste crucial de liderança (é verdade que apenas em 2022), para se manter de forma indefinida […]

É complicado. Sim, complicado começar uma análise com esta formulação, mas vamos lá. As relações entre EUA e China se deterioram com choques sobre Hong Kong, tecnologia digital, comércio, o Mar do Sul da China, pandemia e otras cositas más. Nova Guerra Fria? Complicado o rótulo. Existem mais fluidez e nuances do que nos tempos do duelo entre EUA e URSS. A Guerra Fria era binária,  em linhas gerais com os posicionamentos congelados dos países. Agora os países têm relações mais complexas, tanto com os EUA, como com a China. Aliás, o mesmo pode ser dito no relacionamento bilateral (com a interdependência econômica e o fascínio de Trump com ditaduras). Sem dúvida, a China tem laços profundos (e os aprofunda) […]

O movimento Black Lives Matter é justo e tem timing. Não é difícil apoiar a causa em termos mais genéricos. Existem, é verdade, os esforços da agitprop trumpista para colar o movimento na extrema esquerda, no vandalismo e no terrorismo. No entanto, 2/3 dos americanos são simpáticos ao Black Lives Matter. O restante? É o bolsão pró-Trump com seus ranços racistas ou o mero cálculo de que Trump é menos pior do que o resto, apesar do seu racismo. O mundo corporativo adere à causa, em grande parte por ser fácil e conveniente. Há também uma crescente consciência social e engajamento nas empresas e assim elas aderem a causas sociais ou ambientalistas. Agora ao whataboutismo. Muito mais difícil aderir a […]

Recordar é esclarecer. Meu dia de ser cabotino. Decidi postar hoje um dos primeiros textos que escrevi sobre o coronavírus, em janeiro, nos tempos em que a epidemia estava explodindo na China e era minimizada de forma criminosa por tantos dirigentes, a destacar Trump. *** Na epidemia coronavírus, mais uma vez cai a máscara chinesa. Em uma fase inicial de uma crise pública, as autoridades locais reagem com complacência e subterfúgios, fazendo o que podem para esconder o problema do alto comando em Pequim. Em uma fase seguinte, é mobilização total para encarar a crise em meio à indignação popular e a sofreguidão para encontrar bodes expiatórios, tudo isso convivendo com o medo de desacelaração econômica, quando o ritmo já […]

A China não baixa a guarda no combate ao vírus, o vírus da dissidência. Pelo contrário. A campanha de erradicação é, digamos, cada vez mais virulenta. Acaba de ser preso o proeminente advogado e ativista dos direitos humanos Xu Zhiyong. A caçada de quase dois meses terminou no sul do China, como parte de uma operação-arrastão lançada no dia seguinte ao Natal. Xu atuava através de um fluxo de comentários nas redes sociais. Ex-professor universitário, Xu foi libertado em 2017 depois de cumprir pena de quatro anos por seu ativismo legal. Ele foi um dos fundadores do Movimento do Novo Cidadão, um grupo de advogados e ativistas que exige, imaginem, proteção sob a própria lei oficial. A ditadura comunista é […]

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