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Em um texto no sábado, o Wall Street Journal tem uma expressão preciosa: com os ataques contra instalações químicas sírias, os EUA e seus aliados tentaram garantir um cuidadoso equilíbrio: manter a linha vermelha contra o uso de armas químicas sem cruzar a linha vermelha de Moscou contra derrubar o regime de Bashar Assad ou alvejar forças russas. O ataque foi maior do que o lançado em abril do ano passado (o dobro de mísseis foi usado) e desta vez com a participação dos aliados britânicos e franceses, mas menor do que os sírios e russos temiam. Ironicamente, todos podem cantar vitória e nenhuma surpresa que Trump e Assad estejam embalados neste ritmo.    

Sou atacado por sentimentos conflitantes: um lado emocional celebra o ataque desfechado sexta-feira pelos EUA e seus aliados britânicos e franceses contra instalações do aparato químico sírio; Bashar Assad, um dos grandes genocidas da era contemporânea, está sendo punido e seu arsenal degradado (espero). No entanto, um outro lado emocional está assustado, pois o líder do mundo livre nesta operação é um desqualificado chamado Donald Trump, que acordou nesta manhã tuitando contra o ex-chefe do FBI e cujo advogado, Michael Cohen, parece estar encenando um filme mafioso de terceira categoria com seus trambiques para livrar a cara do capo. Agora, ao aspecto cerebral: para que servirá o ataque, além de ver Bashar Assad tomar uma? Um ataque meramente mais robusto […]

Confusos com o “jênio” estratégico do Twitter? Um dia, ele tuíta que os mísseis estão chegando na Síria, em represália ao uso de armas químicas pelo “animal” Bashar Assad. Noutro que o “ataque pode ser em breve ou simplesmente não tão em breve”. Trumpetes se armam com a resposta pronta: confusão “jenial” e premeditada. É o método. Coitado dos verdadeiros estrategistas que precisam acompanhar os impulsos tuiteiros do Churchill da Quinta Avenida. Na quinta-feira, o secretário da Defesa, Jim Mattis, desconversou no Congresso, Disse que o foco essencial dos EUA na Síria é derrotar o Estado Islämico e não se engajar na guerra civil. Claro que houve a ressalva: as vezes, “nós veremos impulsos contrários”. Mattis disse que ainda não […]

A semana é longa. O dia, também. Portanto, alto risco prever exatamente o que Donald Trump pode aprontar na Síria, o Trump que promete cair fora daquela buraco quente, mas também punir o “animal” Bashar Assad pelo uso de armas químicas contra sua própria população. O mais provável é alguma retaliação simbólica, como Trump fez em abril do ano passado para dissuadir Assad de voltar a usar armas químicas. Talvez uma ação um pouco mais robusta para não parecer simbólica e com colaboração francesa. O impulso de Trump é cair fora, mas Assad o destratou. Putin é patrono de Assad e Trump não tem afilhado no favelão que se transformou a Síria da guerra civil. Existe uma disposição estratégica dos […]

Nada de novo na frente síria. Na sua lógica genocida, Bashar Assad voltou a usar armas químicas (quem acredita no desmentido do regime e dos russos?). O uso de arma tão hedionda tem o objetivo habitual de aterrorizar a população, agora que a rebelião, basicamente conduzida por jihadistas, está nos últimos estertores. O alvo do terror, porém, não são os jihadistas, mas quem não gosta do regime. E o segundo objetivo é testar Donald Trump, o chamado líder do mundo livre. Em uma atitude humana surpreendente, o presidente americano expressa repugância com a barbárie de Assad, rotulado de animal. Trump não tem uma estratégia coerente na Síria. Por lá, a política americana está à deriva desde os tempos de Obama. […]

Estas manchetes sírias podem ser do dia ou de qualquer dia nos últimos anos: Síria e Rússia dizem que alvos de bombardeios são terroristas Cidade é arrasada Países ocidentais se dizem horrorizados Cessar-fogo humanitário é anunciado pelo Conselho de Segurança da ONU Cessar-fogo nem é colocado em vigor Síria e Rússia dizem que alvos de bombardeios são terroristas Cidade é arrasada ….  

Na Síria esfacelada de conflitos multidimensionais, nunca é fácil montar o quebra-cabeça. Nas últimas semanas, Israel, Rússia e Turquia tiveram perdas nos ares e Bashar Assad tem praticado seu genocídio com ferozes ataques aéreos na província de Idlib,  sem diferenciar rebeldes de civis. E tropas turcas avançam contra militantes curdos supostamente apoiados pelos EUA. Estas movimentações ocorrem em meio à derrota militar do Estado Islâmico, o inimigo constante de tantos players nesta encrenca. Num esforço didático, estas são as posições e objetivos no jogo: Assad: retomar o que puder de território de rebeldes e jihadistas, antes de algum tipo de arranjo diplomático que o confirme como o líder do país esfacelado. Seu foco no momento é arrasar a província de […]

A frente síria é multidimensional, tanto em termos militares, como de sofrimento humanitário. Vamos primeiro aos civis: sofrem com o acuado terror islâmico e com o terror do que sobrou do estado sírio. Nas últimas semanas, a Força Aérea de Assad matou centenas de civis em subúrbios de Damasco ainda sob controle rebelde. E nos ares é aquela confusão com derrubada de helicóptero turco e avião russo. E é claro os sírios de Assad derrubaram um F-16 israelense na escalada de tensões entre Irã, patrono do seu regime, e Israel. Na maciça incursão israelense, o jornal Haaretz revela que quase metade da defesa antiaérea síria foi destruída. O governo Netanyahu não é minha praia, mas o primeiro-ministro tem se comportado […]

No meu comentário anterior, eu observei que os terroristas do Estado Islâmico estão acuados na Síria e no Iraque. O terror vive, mas não mais o tal do califado. Também observei que o regime genocida de Bashar Assad viverá, mas mantendo o controle sobre um território largamente reduzido. Usando um termo de favela carioca, não haverá pacificação em uma conturbada região do Oriente Médio. Teremos, isto sim,  o arrefecimento em algumas frentes de combate e o possível recrudescimento em outras. Vamos ficar apenas na Síria. Israel intensificou ataques aéreos contra posições militares do regime Assad. São alertas sobre uma possível nova guerra no Oriente Médio. A guerra civil na Síria nos faz esquecer o cansado conflito entre Israel e a […]

Os anseios de independência de um povo são sistematicamente traídos pelos jogos políticos e interesses de países e grandes potências de uma região. A grosso modo, o que aconteceu com o povo judeu acontece hoje com o povo curdo. Não é à toa que Israel (que caminha para 70 anos de independência em 2018) é o único país que endossa os anseios do povo curdo. Em um lance para reforçar seu poder de barganha, os curdos da região semiautônoma no Iraque realizaram o referendo na segunda-feira. O voto de caráter consultivo obviamente resultou em apoio esmagador à independência (92%)  e, muito importante, o comparecimento às urnas foi maciço (72%). Nenhuma surpresa no resultado, assim como na reação do Iraque e […]

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